Embora os números apontem uma retomada do crescimento, o momento é de preocupação para muitos setores da economia. Principalmente para aqueles que consomem muita energia elétrica, em função da crise hídrica.
O volume consumido de energia elétrica, em maio deste ano, alcançou os 62.121 megawatts médios.
Ao avaliar o consumo nos 15 ramos de atividade econômica monitorados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), todos os setores registraram alta no mês de maio.
Os setores têxteis (87,0%), seguida por veículos (84,4%) e serviços (38,4%) aparecem como destaques.
Consumo de energia elétrica por estado
De acordo com o CCEE, grande parte dos estados fechou o mês em alta, exceto o Maranhão.
Claro que não podemos desconsiderar que estes números apontam um crescimento em comparação a um período do ano passado. Período no qual o consumo e a produção de energia estavam sendo fortemente impactados pela crise provocada pela pandemia.
Consumo de energia elétrica por fonte
No gráfico acima, é possível verificar que o crescimento ocorreu em todos os tipos de fonte, sendo o menor o das usinas hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do Brasil.
E por depender tanto da água para a produção de energia, a economia do nosso país sofrerá grandes impactos graças ao baixo volume de chuvas dos últimos tempos.
Sendo assim, para se ter uma ideia do cenário atual, a usina hidrelétrica de Itumbiara, a maior do sistema Furnas, tem apenas 9% do seu volume disponível. O mesmo é observado na usina de Marimbondo, a segunda maior de Furnas, e Água Vermelha, no interior paulista.
Crise Hídrica no Brasil
“Se a situação está grave neste momento é porque o verão, que é chuvoso, não foi chuvoso”.
A afirmação acima é de José Marengo, climatologista e coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
Segundo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), esse é o maior período de seca dos últimos 91 anos. E essa realidade tem tudo a ver com as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Como resultado, eventos extremos se tornarão cada vez mais comuns, tais como: ondas de calor no Canadá, neve em Santa Catarina e cheias do rio Negro no norte do Brasil.
Enquanto a energia hidrelétrica representava 95% da matriz brasileira. Atualmente, ela corresponde a 63,5%. A Energia eólica vem em segundo lugar (11%), seguida pela gerada em usinas a gás (8,8%).
Já a biomassa (8,3%), óleo e diesel (2,5%) e solar (2,5%). Carvão (1,8%) e nuclear (1,2%).
A relação entre a crise hídrica e o aumento da conta de luz
André Pipetone, diretor geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), reforça:
“Julho inicia-se com a mesma perspectiva hidrológica desfavorável, com os principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional em níveis consideravelmente baixos para essa época do ano”.
A equação é simples: a falta de chuva significa reservatórios em níveis baixos.
E se os níveis das hidrelétricas não suportam a demanda, é necessário acionar as termoelétricas. No entanto, a geração de energia elétrica pelas termelétricas é bem mais cara.
Nesse sentido, a retomada da indústria pode ser afetada e muito pela crise hídrica e o aumento da conta de luz. Para muitos especialistas, o setor deve passar por um período de compressão das margens de lucro, suspensão de investimentos e repasse da alta de custos para os clientes.
Logo, mais um duro golpe, sem dúvida alguma, para a economia brasileira, que tenta se reerguer desde a chegada da pandemia. Seja como for, se já era necessário implementar ações relacionadas à eficiência energética. Agora, com o acionamento da bandeira vermelha, tais medidas são mais que urgentes.